Segundo Dr Fernando Gomes Pinto, neurocirurgião do Hospital das Clínicas de São Paulo, o talento para brilhar na Copa não está nos pés dos jogadores, e sim, no cérebro. O médico conta com exclusividade ao Portal da Educação Física como está a mente dos nossos jogadores a poucos dias para o pontapé inicial do maior evento esportivo do planeta.
Portal da Educação Física - A derrota em casa na final de 50 traz desgosto e aumenta a responsabilidade. Qual a melhor tática para driblar a pressão da torcida?
Dr Fernando: Usar a pressão a favor. Todos querem a mesma coisa: a vitória. Os jogadores devem se sentir como o instrumento para esta façanha. Um dos grandes nadadores deste século, Alexandre Popov, disse em uma competição que participou: “a cabeça precisa acreditar na força do corpo que ela mesma controla". E é isso mesmo. O segredo do desempenho esportivo está namente mais do que no corpo. Estamos falando de modelo cognitivo de funcionamento humano. Amente do jogador e a forma de pensar em uma partida determina a real competência, se será materializada no seu desempenho ou não.
PEF - Como deve ser a preparação psicológica destes atletas às vésperas da Copa do Mundo?
Dr Fernando: A pressão dentro de casa é muito grande, mas pode e deve ser revertida como reforço positivo. A técnica de mentalização é fundamental. Os jogadores devem ter uma mentalidade vencedora, ter realmente o espírito vencedor, terem a convicção de que serão vitoriosos. Sem espírito coletivo e competitividade, a seleção brasileira não irá ganhar, nem se tiver os melhores atletas do mundo. Agora é o momento de focar na mentalização, nas palestras motivacionais, em fazer muitas brincadeiras. Isso para que a pressão seja capitalizada de forma positiva.
PEF - O que esta competição de alto nível exige da mente do atleta?
Dr Fernando: Todos são atletas de alta performance. Quem tem mais controle emocional consegue tirar proveito por preservar as habilidades em maior porcentagem. A preparação psicológica é tão importante quanto a física. Atletas campeões olímpicos ou grandes jogadores de futebol como Pelé e o melhor jogador do mundo atualmente, Christiano Ronaldo, têm alto nível de confiança, maior poder de concentração, parecem ter apenas pensamentos positivos e sabem controlar bem os níveis de ansiedade pré-competitiva e também no momento do jogo, o que faz total diferença na hora de bater um pênalty decisivo, por exemplo.
PEF - A neurociência do esporte pode ser uma aliada, como?
Dr Fernando: Pode sim, de duas formas principais: através de treinos preparados por princípios da neuropedagogia e através do desenvolvimento doauto-controle para garantir a alta performance mesmo em situação de estresse.
PEF - Qual a dica para estes jogadores?
Dr Fernando: Além do preparo físico e técnico tradicional, desenvolver a percepção que seus cérebros juntos e interconectados pelo mesmo ideal, funcionarão como um único “cérebro” de um mesmo organismo, a seleção brasileira. Mas existem sim algumas dicas práticas para que os atletas se sintam mais relaxados e confiantes, como elaborar planejamentos da competição, criar rotinas para evitar distrações durante o jogo, ter concentração máxima em cada atitude dentro e fora de campo, fazer ensaios mentais antes das partidas sem se preocupar com os adversários e sim no que se pode controlar: seus pensamentos.
Por Jornalismo Portal EF
Fonte:http://www.educacaofisica.com.br/index.php/theatre/27185-copa-do-mundo-o-cerebro-vai-a-campo
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