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sábado, 22 de março de 2014

Falcão critica ‘ditadura’, deixa seleção e diz que companheiros vão segui-lo


A guerra está declarada. Após confirmar que não defenderá mais a seleção brasileira, Falcão, bicampeão mundial e quatro vezes melhor jogador do mundo no futsal, explicou no “Arena SporTV” os motivos de sua decisão. O jogador fez duras críticas à Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) e disse haver uma ditadura na entidade. Triste, Falcão ainda destacou que outros jogadores de sua geração estão ao seu lado, e que se manifestarão em seguida à sua declaração.
- É uma decisão triste e vou deixar bem claro que não é uma decisão só minha. Eu e todos os últimos campeões do mundo, de 2008 e 2012, estamos juntos nessa. Eles pediram para eu ser o primeiro a falar e não tenho rabo preso com ninguém. Defendi a seleção brasileira da melhor maneira possível. Vemos a cada ano que passa o futsal andar 20 anos para trás. Temos débito desde o ano passado, nós e o futsal feminino também, não recebemos nossos direitos desde julho, e ainda há várias situações de ameaça em convocação em 2012, algumas que a gente engoliu ao longo do tempo. Tenho orgulho da minha geração, num momento em que ninguém mais pensa em seleção brasileira, muito pelo contrário. Estamos fazendo isso pelo bem do esporte, que não pode ficar nas mãos de pessoas erradas, e pensando nas próximas gerações.
O camisa 12 montou um dossiê a respeito da atual gestão da CBFS, e no “Arena” contou alguns problemas com os quais conviveu nos últimos tempos. Ele ainda promete que, se o dinheiro que diz não ter recebido da entidade chegar, ele será doado a instituições de caridade. Falcão não quer nenhum centavo da CBFS.
- A gente espera que o futsal vá para mãos certas, que tenham pessoas focadas no esporte, não em tornar uma ditadura, que é o que vem acontecendo. Chegou ao ponto de a gente concentrar no centro de treinamento em Fortaleza e não ter TV no quarto e nem internet, porque não tinham pago as contas. Ficamos praticamente como prisioneiros. Já deixei claro que não quero mais um centavo da CBFS. O que vier, se um dia vier, vou direcionar para uma entidade, não quero mais nada que venha de lá, é uma falta de respeito muito grande.
Apesar da decisão de não jogar mais pela seleção, Falcão não descarta um retorno, obviamente que apenas se outra diretoria estiver à frente. Ele ainda cita o episódio ocorrido no Mundial de 2012, quando jogou mesmo após ter sofrido um AVC.
- Daqui a pouco os outros jogadores vão postar algumas coisas em relação a isso, e a gente quer o bem para o esporte. Minha carreira na seleção talvez tenha acabado, embora outra diretoria, se precisar de mim, estou à disposição. Mas da forma que está hoje não faço questão de ir, não tenho mais prazer de ir, muitos não têm. Então, a nossa intenção é começar uma briga para que tenham pessoas competentes lá dentro. Cheguei a jogar um Mundial com AVC, com um lado (do rosto) paralisado, assumi a responsabilidade e nem um “muito obrigado” recebi. É muita frieza, muita coisa contrária aos atletas. É triste, estou tirando um prazer da minha vida que é vestir a camisa da seleção brasileira, mas preciso tomar uma atitude para as coisas mudem de alguma forma no futsal – afirmou.
Falcão também deixou claro que segue jogando em seu clube, o Sorocaba, time que defende desde o início deste ano. Indagado sobre o responsável por essa gestão, o jogador aponta o diretor de seleções Edson Nogueira, a quem faz duras acusações.
- Tem algumas coisas que não concordo e não aceito, porque depois disso virou uma ditadura. É o mesmo diretor que levou o Santa Cruz para a quarta divisão do Campeonato Brasileiro, é um diretoria autoritária. O nome dele é Edson Nogueira. Teve ocasiões em que fomos ameaçados sim de não vestir mais a camisa da seleção se não fosse da forma dele. Quando fui questionar a falta de TV e internet no CT, ele disse: “não tem e é assim”. A seleção deixou de ser brasileira, virou seleção Edson Nogueira. Teve uma homenagem ao goleiro Mateus – nada contra ele – que jogou uma semana na seleção em um torneio em 1997, e porque é amigo dele. Acho ótimo a homenagem, mas questionei: cadê a homenagem do Manoel Tobias, do Fininho, Choco, Douglas, Vander, Leninho, Schumacher, por que só com o cara que é amigo? O que o ajuda vale, o que não ajuda não vale. Sempre que a comissão técnica vai fazer uma convocação – nada contra ela, adoro o Ney Pereira – já se coloca na mesa seis ou sete nomes que não podem ser convocados. Assim como tem acontecido com a Vanessa no futebol feminino, que fez uma postagem no ano passado em que achava um absurdo a seleção feminina não ir para o Mundial, e ela foi afastada e até agora não recebeu o que é de seu direito. A coisa está afundando. Graças a Deus não dependo mais disso, agradeço muito ao meu esporte, mas estamos pensando na geração que está vindo e na sequência do futsal.
Através da produção do “Arena SporTV“, Edson Nogueira disse que vai esperar um posicionamento oficial da Confederação Brasileira de Futsal, que respeita a opinião de Falcão, mas não concorda com ela. O jogador ainda citou a ausência do goleiro Tiago na equipe brasileira como outro absurdo da atual gestão.
- O Tiago, melhor goleiro do mundo e bicampeão do mundo, simplesmente questionou um trabalho do preparador de goleiro, que era um amigo do Edson Nogueira, e disse que havia outras pessoas que podiam ajudar mais, numa boa. Depois disso, ele não foi mais (para a seleção). A seleção brasileira hoje começa pelo Tiago, e ele não está indo, e tem mais um Mundial pela frente. Eu não jogo mais o Mundial, já deixei claro que quero ficar com a história do último, mas não aceito o futsal perder porque o cara achou que ele não devia ter falado uma coisa com a maior educação do mundo, não aceito isso.


Att. Ana Ellen Soares Kochinski

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