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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Cuidado: Peladas causam mais lesões que esportes profissionais-Henrique Franke

Se você é adepto de uma boa partida de futebol para se divertir com os amigos, tenha cuidado. Atividade de lazer mais praticada pelos homens, principalmente nos finais de semana, o futebol pode ser um risco à saúde. Trata-se do esporte que mais provoca lesões, segundo estudo conduzido pelo laboratório Merck Sharp & Dohme, realizado em nove países da América Latina, inclusive no Brasil. 
A pesquisa revela que 42% das pessoas com idade acima de 18 anos que sofreram lesões durante a prática de algum esporte nos últimos três meses jogavam futebol quando se machucaram. A falta de preparo dos famosos atletas de final de semana é apontada como principal fator para a ocorrência das lesões. 
Normalmente essas pessoas não fazem preparação física durante a semana pra ter o condicionamento ideal e poder praticar o esporte. "A falta de preparação cardiorrespiratória e da musculatura causam lesões", explica o médico Jomar Brito de Souza, presidente da Sociedade Baiana de Medicina Desportiva. 
Dados do levantamento reforçam o que o especialista afirma: 42% dos entrevistados responderam que só praticavam atividades físicas nos finais de semana. É o caso do administrador José Roberto Brandi, 26, que se recupera de uma operação no joelho depois que rompeu dois ligamentos em uma pelada. 
Por causa do trabalho, Brandi não tem tempo para se exercitar com regularidade durante a semana. Resultado: machucou-se após participar de uma partida com colegas de trabalho no dia 8 de julho. "Estava correndo para alcançar a bola. Quando vi que não conseguiria chegar a tempo tentei parar, mas o joelho virou para a esquerda", recorda o administrador. Após a operação, anda com a ajuda de muletas e vai enfrentar seis meses de fisioterapia para se recuperar completamente. 
Entorses, lesões na musculatura das pernas, fraturas e lesões nos joelhos são as contusões mais comuns durante a prática do esporte. Também ocorrem, em menor freqüência, casos de tendinites e lesões de órgãos internos decorrentes do choque entre os jogadores, afirma o médico Jomar Souza. "O futebol também é mais arriscado porque é um esporte de contato direto. É preciso tomar a bola do outro para não deixar fazer o gol. O choque entre os jogadores pode machucar", ressalta. 
O analista de suporte Fabiano da Silva, 25, ainda sofre com o estrago causado na última partida que disputou. Torceu o joelho direito há uma semana e está de licença no trabalho. "Tentei evitar a saída da bola pela lateral do campo. Quando parei para correr em outra direção, senti o estalo", conta. 
Ele acredita que a falta de alongamento facilitou a ocorrência da lesão. "Tenho boa resistência em atividades físicas. Como já tive problemas anteriores por falta de alongamento, me conscientizei da necessidade e faço. Mas dessa vez cheguei tarde e alonguei rápido demais", revela. 
A falta de alongamento e de aquecimento é apontada pelo presidente da Sociedade Baiana de Medicina Desportiva como outro fator que favorece a ocorrência das contusões. "Os jogadores não fazem aquecimento nem alongamento antes da partida e jogam ininterruptamente. É uma carga muito grande de exercício em um curto período de tempo. Isso sobrecarrega os músculos", destaca. 
O analista de sistemas Raimundo Góes Júnior, 28, acredita que se contundiu justamente por não realizar o alongamento corretamente. "Faço um alongamento bem rapidinho que não vale de nada. Sei que deveria alongar por no mínimo 10 minutos, mas tenho preguiça", confessa. 
Ele rompeu um ligamento do tornozelo esquerdo durante um jogo. "Pulei para cabecear a bola e tentar fazer o gol. Quando fui colocar o pé no chão, pisei no pé do zagueiro do time adversário", relembra. Por causa da contusão, Júnior passou um mês com o pé engessado, usou tala para imobilizar a região durante dois meses e fez sessões de fisioterapia. 
A falta de tempo foi o motivo alegado pelo assistente administrativo Francisval Silva, 30, para não ter realizado aquecimento no dia em que se contundiu. Ele jogava futebol duas vezes por semana e sempre alongava antes de entrar em campo. "No dia em que me machuquei cheguei atrasado e joguei sem aquecer", revela. Ele torceu o joelho e rompeu um ligamento enquanto corria pra pegar bola. "Meu pé ficou preso no chão e o meu corpo girou", conta. 
Atendimento médico- No mesmo dia Silva foi médico e tirou o raio-x do joelho. Depois procurou um especialista, que através de uma ressonância magnética identificou o rompimento do ligamento e uma fissura no menisco. O assistente administrativo teve que fazer uma cirurgia para reconstituir o ligamento. 
A atitude tomada por Silva é a mais indicada, de acordo com o médico Jomar Souza. "Nos casos de lesões mais graves a pessoa não tem condição de continuar no jogo. A torção causa um colapso vaso sanguíneo que pode comprometer a circulação do sangue", explica. Nesses casos, a ordem é procurar imediatamente um serviço de emergência com médico para avaliar a gravidade da contusão. 
Se a lesão não é tão grave, o médico recomenda a aplicação de gelo num período de 20 a 30 minutos e destaca que em casos de entorses não se deve mexer no local sem auxílio médico. "Puxar pernas e pés para tentar os colocar no lugar pode piorar a situação", alerta. 
Dicas- Embora a pesquisa alerte para os riscos do esporte ocasional, Souza ressalta que não há motivo para que os marmanjos abandonem o baba do final de semana. "A atividade física é essencial pra manutenção da saúde cardiovascular e socializa o indivíduo. É importante que a pessoa tenha tempo pra fazer a atividade que gosta para se sentir bem consigo mesma. A prática tem que ser estimulada, mas com critérios", avalia. 
Para minimizar o risco de lesão, é necessário se preparar para atividade. A preparação física ideal, de acordo com o médico, engloba três dias de exercício aeróbico como bicicleta, esteira e caminhada, e musculação duas vezes na semana. "É preciso priorizar as pernas, membros mais usados no futebol. Além disso não é recomendável jogar acima de 90 minutos", recomenda. 
Pessoas com caso de infarto, hipertensão ou diabetes na família devem fazer avaliação médica antes de iniciar a prática de esportes. Aquelas com idade acima de 35 anos devem realizar check-up anual para poder praticar o exercício tranqüilamente. Tomando esses cuidados, é só entrar em campo e partir para o abraço.

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